A volta do filho pródigo (Rembrandt)
ANÁLISE DO CUIDADO COM BASE EM LUCAS CAPÍTULO 15
Como
cuidador, Jesus recebia os pecadores e comia com eles, havia o encontro
de Jesus com os marginalizados. Receber e comer juntos era algo
significativo: representava cuidado, acolhimento, comunhão, partilha, presença,
atenção e interesse para com o próximo. Porém os fariseus, religiosos
da época, murmuravam descontentes com a atitude do Senhor. Em resposta à
murmuração, Jesus propõe três parábolas sobre perdidos e achados, para
mostrar-lhes o valor das pessoas “perdidas”.
Na
parábola da ovelha perdida, Jesus demonstra o cuidado do pastor com uma ovelha
que se perdeu do seu rebanho. Seus ouvintes estavam familiarizados com o caso
tratado, pois a ovelha era um bem econômico para as pessoas da época. Apesar de
ter outras noventa e nove, ele não se acomoda, pois considerava a ovelha
valiosa. Então ele deixa as demais em segurança, porém, em sentido de urgência,
vai em busca da perdida até encontrá-la. Notamos aqui o cuidado do pastor no
sentido de ir em busca da ovelha, isto é, não deixa-la à mercê dos perigos.
O cuidado
de Deus é manifesto na valorização, no dar importância, se interessar e se
ocupar em trazer de volta quem se perdeu, aquele que se encontra desamparado. É
o contrário do que faziam muitos religiosos da época (segundo Lucas 10), que
passavam se largo diante dos problemas dos outros para não se comprometer. E, quando
a ovelha é achada ocorre uma festa de celebração.
Jesus
continua o sermão contando a parábola da dracma perdida. Alguns comentaristas
sugerem que a dracma fazia parte do dote da mulher, e, se assim fosse,
representava sua liberdade e seus direitos, pois as servas e concubinas não
possuíam dote. A preocupação dela não era apenas com o valor monetário, mas com
o valor simbólico ou sentimental. Por isso ela empreende todos os esforços necessários
(varre a casa, acende a candeia e procura) para achar a moeda. Após encontrar,
comemora também com uma festa. O cuidado nesta parábola é representado pelo
valor conferido a esta dracma. Para o cuidado acontecer, é necessária a
valorização do outro como sujeito, como um ser que precisa e tem direito ao
cuidado.
A
seguir, Jesus ocupa a maior parte do capítulo 15 para contar a parábola do
filho pródigo. Pródigo significa aquele que dissipa os seus bens. Foi
exatamente o que fez o filho mais moço da história ali relatada. Ele pega sua
parte da herança, vai para uma terra distante, gasta tudo dissolutamente e
quando a fome chega começa a padecer necessidades. Ao se tornar agregado de um
criador de porcos, ele trabalha ele deseja comer o que os porcos comiam, mas
ninguém lhe dava nada. Aqui ocorre o primeiro descuido ou descuidado. Ele
começa a sofrer. Então ele cai em si e lembra do cuidado do seu pai para com os
empregados, que dava-lhes alimento farto. Em seguida, se arrepende de
seus erros e decide retornar ao lar. Quando seu pai o viu ao longe, se
compadeceu, correu ao seu encontro, o abraçou e o beijou. Aqui o cuidado é manifesto na
compaixão, misericórdia, ternura e afeto do pai – que simboliza Deus.
O
cuidado acontece também na recepção do filho. O pai usou todas as estratégias
para que o filho chegasse e permanecesse em casa. Mandou os servos trazerem a
melhor roupa e o calçado – cuidado com a saúde e a dignidade do filho. Colocou
o anel no dedo – cuidado com a autoestima – pois o anel representava sua
filiação, ele não deveria se sentir um escravo. E o bezerro cevado serviu como
alimento para o filho – cuidado do corpo – e também como prato principal da
festa de boas vindas, para que o filho não se sentisse um estranho dentro de
casa.
O capítulo continua mostrando o descuido
do irmão mais velho. Para ele pouco importava o bem estar do irmão. Sua
atitude, de não participar da festa, revela ciúmes, amargura e indiferença para
com o sofrimento alheio. O pai demonstra o cuidado com o mais velho
quando sai da festa para conciliá-lo. Apesar do egoísmo, o filho mais
velho tinha sempre o pai com ele, e tudo o que o pai tinha era dele. Enquanto o
irmão mais velho trata o mais novo como “esse teu filho”, o pai o trata como
“esse teu irmão”. O pai diz a ele: “era preciso que nos regozijássemos e nos
alegrássemos, porque esse teu irmão estava morte e reviveu, estava perdido e
foi achado”. Jesus finaliza assim a parábola dando a entender que os fariseus
não deveriam ser hostis ou indiferentes com os pecadores, que Jesus veio buscar
e salvar.
A indiferença hostil é a causa do descuido, mas o amor incondicional é a motivação do cuidado integral.
A indiferença hostil é a causa do descuido, mas o amor incondicional é a motivação do cuidado integral.
Faculdade
Refidim
Pós-Graduação
Lato Sensu em Aconselhamento Cristão
Teologia do Cuidado
Prof.: Ms. Egon Wutzke
Joary Jossué Carlesso
Fonte: http://www.discipuladojoinville.blogspot.com.br/2012/07/jesus-o-deus-cuidador.html
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