PROPÓSITOS BÍBLICOS:
AS PRIORIDADES DE JESUS PARA SUA IGREJA
AS PRIORIDADES DE JESUS PARA SUA IGREJA
TEXTO BÍBLICO
Mateus 28.19-20: “Portanto
ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e
do Filho, e do Espírito Santo; Ensinando-os a guardar todas as coisas
que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até
a consumação dos séculos. Amém”. (ACF)
I – INTRODUÇÃO
A
sabedoria nos diz que devemos sempre fazer primeiro aquilo que é
prioritário. Até porque, a vinda do Senhor está próxima (Rm. 13.11) e
devemos remir o tempo (Ef. 5.16). Prioridade é aquilo que tem anterioridade na ordem do tempo, ou seja, é tudo que tem preferência e primazia. Para que possamos ter uma ED atual e atuante e uma Igreja discipuladora devemos trabalhar nas prioridades.
Como descobrir quais são as prioridades no Reino de Deus? Descobriremos as prioridades da Igreja na Bíblia Sagrada, visualizando os PROPÓSITOS que o Senhor Jesus deixou para sua Igreja.
No
dicionário propósito é definido como deliberação, intenção, resolução,
decisão, modo sisudo, prudência, juízo, tino, relação. O uso do
dia-a-dia define propósito como objetivo final a ser alcançado. Usaremos para embasar nossa tese também a ideia de propósito no sentido de intenção, resolução, objetivo e prioridade.
II – DESENVOLVIMENTO
1. OS PROPÓSITOS BÍBLICOS DE CRISTO PARA SUA IGREJA
Quando lemos a declaração de Jesus em Mateus 16.18, notamos que o Senhor, ao falar da edificação de Sua Igreja, cita o sólido fundamento “sobre esta pedra”, (Gr. Petra i.e. rocha) que é o próprio Cristo, a rocha bendita e eterna (Ef. 2.20 e 1 Co. 3.11).
Não obstante, o Senhor Jesus em Mateus 7.24-25, disse que “todo
aquele, pois, que escuta estas minhas palavras, e as pratica,
assemelhá-lo-ei ao homem prudente, que edificou a sua casa sobre a
rocha; e desceu a chuva, e correram rios, e assopraram ventos, e
combateram aquela casa, e não caiu, porque estava edificada sobre a
rocha”. Entendemos que a Igreja do Deus vivo, coluna e firmeza da verdade
(1 Tm 3.15), está firmada em Cristo: Sua Pessoa e Suas Palavras. O
maior empreendimento da história (a Igreja), não poderia existir sem
propósitos (Rm. 8.28; Ef. 3.2-10). Portanto, os propósitos bíblicos da
Igreja, se baseiam nos ensinos e obras do Senhor Jesus Cristo.
Quais os propósitos (intenções, objetivos, prioridades) de Jesus ao constituir a Sua Igreja?
Encontramos a resposta a esta pergunta em duas passagens áureas dos Evangelhos: a Grande Comissão (Mt. 28.19-20) e o Grande Mandamento (Mt. 22.36-40). Conforme Stanley Horton, escreve na obra Doutrinas Bíblicas: os fundamentos da nossa fé, a Igreja existe para a “evangelização do mundo”, “ministrar a Deus” e “edificar um corpo de santos (crentes dedicados)” (in Lições Bíblicas Mestre, 2º Trimestre de 2011, p. 31. CPAD). Vemos também que o pastor brasileiro Geremias do Couto, nas Lições Bíblicas do 1º Semestre de 1996, discorrendo sobre as Prioridades da Igreja, lista três propósitos principais da Igreja de Cristo: Evangelização, Comunhão e Adoração.
Concluímos assim que no
círculo teológico pentecostal existe uma concordância na interpretação
com relação aos propósitos principais, e pequenas divergências nos
propósitos secundários. Mais completa a relação propósitos detalhados
por Doug Fields, no livro “Um Ministério com Propósitos”: comunhão, adoração, discipulado (crescimento espiritual), evangelismo e serviço (ministério).
Fazendo a análise dos textos base para nosso estudo dos propósitos, temos a seguinte análise de Mt. 28.19-20 e Mt. 22.37-39:
EVANGELISMO: “Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações”
DISCIPULADO (CRESCIMENTO ESPIRITUAL): “batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar”
ADORAÇÃO:
“Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e
de todo o teu pensamento. Este é o primeiro e grande mandamento”
COMUNHÃO: “E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo”.
SERVIÇO (MINISTÉRIO): “todas as coisas que eu vos tenho mandado” “como a ti mesmo”
2. DEFININDO OS PROPÓSITOS DA IGREJA
A
Igreja de Cristo na Terra deve caminhar rumo ao seu destino vindouro,
que é a glorificação por ocasião da volta do Senhor (1 Ts. 4.17),
baseada em propósitos definidos. Vemos na práxis
da primeira Igreja (comumente chamada de Igreja Primitiva) o
cumprimento de todos os propósitos divinos no dia-a-dia da comunidade
cristã (ler Atos 2. 40-47). Os propósitos não estão abaixo listados por ordem de importância, mas por motivação didática.
a) COMUNHÃO
A comunhão é a unidade de propósitos e interesses dos salvos. Segundo Champlin, a palavra grega koinonia
aparece 18 vezes na Bíblia, indicando o partilhar de alguma coisa (2
Co. 8.23), participar com algo (2 Co. 9.13) e também indica a partilha
(Atos 2.42).
Comunhão é a unidade integral da Igreja que vive em amor.
Não é simplesmente a amizade ou uma integração cultural. Ela sobrepuja a
dimensão humana e é caracterizada pela unidade espiritual da Igreja
como corpo de Cristo. Quando a Igreja vive este propósito, a comunhão
atrai os não crentes para Jesus, através do bom testemunho dos salvos
(Atos 2.44,47; Mt. 5.14) O agente de nossa comunhão é o próprio Espírito
Santo (Rm. 8.14-16; 1 Co. 12.12-13).
b) ADORAÇÃO
Adorar, na definição popular, significa prestar culto. Como
crentes verdadeiros, Deus é o objeto da nossa adoração (Sl. 94.95-100).
Embora haja várias formas, locais e posturas corporais para adorar a
Deus, o que mais importa é a adoração que vem do coração (Jr. 29.13) e
feita “em espírito e em verdade” (Jo. 4. 24), não deixando de ser um “culto racional” (Rm 12.1).
O mandamento de amar a Deus sobre todas as coisas é expresso em sua plenitude máxima através da verdadeira adoração.
Porém, entendendo que o homem, criado para adorar a Deus, foi
estigmatizado pelo pecado, vemos que os não-salvos buscam sempre uma
“divindade” para ser adorada ou idolatrada, justamente pela necessidade
intrínseca de demonstrar sua adoração. Assim sendo, o pecador tenta
preencher o vazio de sua alma com a adoração vã e errônea, a falsa
adoração, que nos tempos de Paulo chegou ao ponto de os gregos
construírem um altar ao deus desconhecido (Atos 17.23,27), justamente
por não conhecerem a verdadeira adoração. Portanto a Igreja tem o privilégio e a responsabilidade de ser um agente promotor e orientador da verdadeira adoração a Deus!
c) SERVIÇO (MINISTÉRIO)
É importante termos uma visão do que significa biblicamente a palavra Serviço. No NT grego a palavra mais relevante no contexto de serviço é sem dúvida diakonia. Ela aparece cerca de 33 vezes e em três formas: Diakoneo = servir (verbo), Diakonia = serviço (substantivo), Diakono = diácono (substantivo). Segundo diz Pr. Fred Bornschein, em seu livro “Diaconia – um estilo de vida”:
“Para
a compreensão do substantivo diakonia (serviço) permanece no Novo
Testamento a idéia básica da comunhão à mesa com o seu serviço peculiar
(Atos 6.1). Podemos pensar no “partir do pão” nas casas, nos ágapes, nos
quais os irmãos mais abastados proviam para os irmãos carentes (1Cor
11), nas igrejas nas casas, como, por exemplo, a casa de Estéfanas que
praticava a diaconia (“sabeis que a casa de Estéfanas são as primícias
da Acaia e que se consagraram ao serviço [diakonia] dos santos” - 1Cor
16.15). Este serviço, no qual as forças e os bens são investidos a favor
dos outros, se revela como o elemento fundamental para a manutenção da
comunhão (koinonia) ...
Este
serviço que envolve não apenas o dinheiro e os bens, mas, também, o
corpo e a vida (2 Cor 8.5 - “E não somente fizeram como nós esperávamos,
mas também deram-se a si mesmos primeiro ao Senhor, depois a nós, pela
vontade de Deus”), se torna uma força que dinamiza todo o Corpo de
Cristo (Ef 4.12 - “com vistas ao aperfeiçoamento dos santos para o
desempenho do seu serviço, para a edificação do corpo de Cristo”). Por
isso Paulo chama as funções carismáticas que são exercidas dentro da
igreja de “serviços” [diakonia] (1 Cor 12.5 - “E também há diversidade
nos serviços [diakonia], mas o Senhor é o mesmo”). Mas “diakonia” pode
se referir, também, a um único carisma (Rom 12.7 - “se ministério
[diakonia] dediquemo-nos ao ministério”).
Paulo
amplifica o conceito de diakonia ainda mais quando ele se refere a toda
a obra salvadora de Deus como a uma diakonia de Deus em Cristo a favor
de todos os homens. Já no Velho Testamento havia uma diakonia de Deus,
mas no sentido da lei e, por isso, da morte, da condenação (2 Cor
3.7,9). Mas por meio de Jesus irrompeu o ministério (diakonia) do
Espírito, da justiça, da reconciliação (2Cor 3.8,9 - Como não será de
maior glória o ministério [diakonia] do Espírito? Porque se o ministério
[diakonia] da condenação tinha glória, muito mais excede em glória o
ministério [diakonia] da justiça”). Este ministério foi confiado ao
apóstolo que como embaixador de Cristo proclama: “Deixai-vos reconciliar
com Deus”. “Mas todas as coisas provem de Deus, que nos reconciliou
consigo mesmo por Cristo, e nos confiou o ministério [diakonia] da
reconciliação” - 2Cor 5.18-20). A palavra “diakonia”, de certa maneira,
é, portanto, uma palavra técnica para se referir ao trabalho
evangelístico.
Para
sintetizar a ideia, o serviço cristão ou ministério (diakonia) é o
trabalho que prestamos ao próximo (irmão na fé ou não) e,
conseqüentemente ao Reino de Deus, motivados pelo amor de Deus e
baseados no exemplo do Senhor Jesus (Jo. 13), que não veio para ser servido, mas para servir (Atos 10.45).
d) EVANGELIZAÇÃO
Evangelização ou evangelismo é o ato de proclamar o evangelho (At. 1.8; Mc. 16.15) em cumprimento da Grande Comissão.
Podemos dizer que este propósito é a missão máxima da Igreja, pois sem a
proclamação do evangelho ninguém pode ser salvo, conforme lemos em Romanos 10.9-17.
O propósito de Deus na Grande Comissão (Mt.28.19-20) é a Evangelização Total: Ide TODO crente; Por TODO o mundo; Pregar TODO o Evangelho; A TODA a Criatura.
Todos
os crentes são convocados a evangelizar. O local é todo o mundo (Atos
1.8). O alvo da pregação é toda a humanidade. O conteúdo da
evangelização é todo o evangelho.
Por evangelho entendemos as boas novas de Deus compreensíveis por todos
os homens. O resumo da mensagem evangélica encontra-se no conhecido
versículo de João 3.16: “Porque
Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para
que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”.
A
mensagem salvadora do evangelho deve ser pregada, a tempo e fora de
tempo (2 Tm. 4.2) e a Escola Dominical não deve perder o foco do
evangelismo, pois sua origem foi baseada na evangelização e sua missão é
“evangelizar enquanto ensina”.
e) DISCIPULADO (CRESCIMENTO ESPIRITUAL)
O discipulado não é apenas um dos desdobramentos da evangelização, mas é a principal maneira de evangelizar. Evangelizamos enquanto discipulamos e discipulamos enquanto evangelizamos.
A definição atual diz que discipulado é
o processo em que o novo convertido recebe todas as instruções
indispensáveis ao crescimento de sua fé, até poder fazer outros
discípulos.
Vemos
na Grande Comissão que Jesus não deixou para a Igreja um Plano B para
salvar a humanidade. Existe apenas um plano: a multiplicação através de
discípulos fazendo discípulos (Mt. 28.19-20 / 2 Tm. 2.2). A igreja atual
precisa retomar o modo que Jesus usava para evangelizar e formar
discípulos há quase dois mil anos: relacionamentos pessoais e ministração da Palavra de Deus.
3. O PROPÓSITO DO DISCIPULADO NA EBD
Conhecemos
os propósitos bíblicos para edificação da Igreja, ou seja, a sua razão
de ser. A Escola Dominical, como parte da Igreja, deve cumprir todos
estes propósitos, especialmente o propósito do discipulado. Estudando
este assunto compreendemos a necessidade hodierna de um diálogo e a oportunidade de cooperação mútua. Este será o tema de nossa próxima palestra.
III – CONCLUSÃO
Concluímos
que toda ação da Igreja, e conseqüentemente da Escola Dominical deve
ser dirigida pelos propósitos da Comunhão, Adoração, Discipulado,
Evangelismo e Serviço. Rick Warren, em seu livro Uma Igreja com Propósitos, levanta uma questão importante sobre a motivação da Igreja: Qual é a força que direciona e motiva nossa Igreja?
Igrejas dirigidas pela tradição: “Nós sempre fizemos isso desse jeito”.
Igrejas dirigidas por personalidades: “O que o líder da Igreja quer?”.
Igrejas dirigidas pelas finanças: “Quanto isto vai custar?”
Igrejas dirigidas por programas: “Devemos concentrar no que foi planejado”.
Igrejas dirigidas por construções: “Formamos os nossos prédios e depois o prédios nos formam”.
Igrejas dirigidas por eventos: “A meta é manter o povo ocupado”.
Igrejas dirigidas por sem-Igrejas: “O que os sem-Igrejas querem?”
O modelo Bíblico: Uma Igreja dirigida por propósitos.
O segredo do crescimento da Igreja do NT, Igreja em Jerusalém, é que a mesma era dirigida pelos propósitos de Deus. É por essa razão que ela superava os obstáculos, e crescia: “Julgai
se é justo diante de Deus ouvir-vos antes a vós outros do que a Deus;
pois nós não podemos deixar de falar das cousas que vimos e ouvimos” (At 4.19-20).
Fonte: http://discipuladojoinville.blogspot.com.
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