domingo, 12 de janeiro de 2014

A IMPORTÂNCIA DO DISCIPULADO PARA A IGREJA HOJE

Joary Jossué Carlesso[i]

Palestra ministrada na 3ª Oficina de Discipulado da AD Joinville em 22/02/2013 
“Depois que toda aquela geração foi reunida a seus antepassados, surgiu uma nova geração que não conhecia o Senhor e o que ele havia feito por Israel.” (Juízes 2.10 - NVI)
I - INTRODUÇÃO
Ao lermos a Bíblia nos deparamos com o questionamento do Salmista: Ora, destruídos os fundamentos, que poderá fazer o justo? (Salmo 11.3). Atualmente, esta questão está amplificada. Vivemos em um mundo conturbado, onde os fundamentos da ética e da moral estão abalados, e porque não dizer, em alguns casos, destruídos.
Neste contexto, como Igreja, o que devemos fazer?
A Igreja não pode ficar apática diante de tudo que acontece no mundo, pois sua missão como sal da terra e luz do mundo é influenciar, modificar o ambiente (Mt. 5.13-16). Só através de verdadeiros discípulos de Jesus, comprometidos em viver integralmente o Evangelho é que a Igreja vencerá toda a corrupção deste mundo atual.
O entendimento que muitos têm é que os cristãos vão à Igreja. As Escrituras nos afirmam que eles são a Igreja (1 Co. 6.19). Onde um cristão verdadeiro estiver presente, ali estará a Igreja. E, o crente, como Igreja, deve sempre estar cumprindo sua missão (Mt. 28.19-20).
Diante disso, fica a pergunta que tenho ouvido de muitos líderes: Por que o DISCIPULADO é tão importante?
            Bem, vejo que o discipulado é, de longe, a ferramenta mais importante para preparar os crentes para influenciar positivamente este mundo. Não existe outra maneira da Igreja crescer, em quantidade e com qualidade, se não for através do Discipulado. É no discipulado que os novos convertidos são orientados para enfrentarem os desafios do presente século e é onde são treinados para o serviço do Mestre.
            O Discipulado é extremamente importante para a Igreja hoje. Só através do trabalho do Discipulado é que a Igreja poderá vencer os desafios que nos são apresentados na atualidade.
II – PRINCIPAIS DESAFIOS DO NOSSO TEMPO
Como servos de Deus nós enfrentamos desafios nunca antes encarados na história da Igreja, desafios estes que são peculiares da época em que estamos vivendo.
Para mostrar a importância do discipulado hoje, listo alguns dos principais desafios que Igreja enfrenta nos dias atuais.
1.   Uma geração que não conhece ao Senhor[ii]
Certo educador cristão disse que esta geração pós-moderna só pensa em três pessoas: “Em primeiro lugar eu, em segundo eu e em terceiro eu”. As pessoas estão cada vez mais individualistas. Assim como nos dias dos Juízes (Jz. 2.10), surgiu uma geração que não conhece o Senhor. Características das pessoas deste tempo:
a) Uma geração desorientada. Eles não querem um mapa: eles precisam de orientação pessoal. Continuamos a lhes oferecer novos mapas – eventos –, quando na verdade eles estão implorando por orientação pessoal.
b) Uma geração temerosa. Quais edifícios essa geração teme? Famílias, instituições políticas e a igreja. Exemplo: até a década de 90, as novelas em que a mãe e o pai trabalhavam juntos a fim de prover um refúgio seguro para seus filhos. Hoje, foram substituídas por outras que mais refletem a vida real (?) onde pessoas moram juntas pela amizade, ou pessoas do mesmo sexo “casadas” e etc. Uma vez que o edifício chamado família desabou, as pessoas sentem medo de voltar para ele. Temos como exemplo nos Estados Unidos o seriado Friends e no Brasil as telenovelas e o seriado Malhação.
c) Uma geração sem identidade. Os jovens, especialmente, buscam identidades na música, no cinema e no esporte e adotam para si.
Esta geração, talvez como nenhuma antes dela, está desesperada por um discipulado. A essência em ser um discípulo está em passar algum tempo com o próprio Mestre. E isto é o que conseguimos como discípulos de Jesus – um convite a sua casa, onde podemos ficar com ele, ouvi-lo, fazer com que ele nos ouça e nos tornarmos seus amigos.
Quando apresentamos este retrato do cristianismo – e não há outro que seja completo ou exato sem o discipulado – estas pessoas desconsertadas e desesperadas anseiam por ser incluídos nesse quadro.
Elas podem estar desnorteadas, mas sabem que a resposta que estão procurando é suficientemente grande para dar-lhes segurança na hora do terremoto.
2.   O desafio da secularização
Segundo R. N. Champlin secularização “vem do latim saeculum, “pertencente a uma era”. Nos círculos religiosos recebe o sentido de “aquilo que pertence ao mundo de nosso tempo”[iii]. Desde a era medieval, este termo foi designado para aquilo que não estava ligado à religião, ou que fosse contrário à própria religiosidade.
A secularização procura tirar da consciência coletiva tudo o que é religioso ou sobrenatural. Para os secularistas apenas aquilo que é material é a verdadeiro. Eles vivem apenas para as necessidades do hoje.
Dentro deste contexto surgem as ideias humanistas, que dizem que é possível fazer o bem sem estar envolvido com Deus, com a Igreja ou com a própria religião. O secularismo exclui Deus do mundo e da vida humana diária. Assim, as pessoas buscam equivocadamente o bem à parte de Deus.
Este é um dos grandes desafios do nosso tempo: uma sociedade que nega a Deus, e que aceita a religiosidade apenas no âmbito pessoal e subjetivo. Se antigamente combatíamos a “religião”, do ponto de vista do catolicismo romano e suas heresias, tínhamos um ponto de partida para iniciar o diálogo e apresentar Jesus. Agora, na era pós-moderna, o desafio da secularização torna-se um grande impedimento, pois o assunto da fé foi relegado ao âmbito particular e cada um segue a sua própria verdade. Certo dia li em uma camiseta a seguinte frase: “não me siga, também estou perdido!”.
O pior é o que secularismo pós-moderno acaba repercutindo na vida de muitos crentes. Certos “cristãos” dos dias atuais tendem a fazer a separação entre o eclesiástico e o secular, entre vida na Igreja e vida privada. E o resultado são pessoas que tem atividades na Igreja, professam o cristianismo, participam da Santa Ceia, mas fora da Igreja praticam coisas que não agradam a Deus, dizendo que na Igreja deve se comportar de um jeito, e na vida secular, de outro.
A causa deste dualismo, desta “bipolaridade espiritual”, é que este problema não foi tratado no início, quando a pessoa se decidiu para Cristo. Neste aspecto, o discipulado vem como uma ferramenta capaz de enfrentar e curar este desvio. A importância do discipulado se dá em preparar o novo convertido para enfrentar a tendência secularizante da sociedade em que ele vive.
Através do Discipulado, o neoconverso vai saber que tudo o que ele fizer deve ser para a glória de Deus (1 Co. 10.31). E onde ele estiver ele deve viver para Deus. Assim, um novo convertido se torna um verdadeiro discípulo de Jesus que assume sua cruz e segue a Cristo (Lc. 9.23). Deus está presente em todas as áreas da vida humana (Sl. 139).
3.   O desafio do pluralismo religioso
Se de um lado enfrentamos o desafio do secularismo, por outro lado enfrentamos o pluralismo religioso. A filosofia do pluralismo religioso diz que devemos tolerar as diferenças, que a espiritualidade é uma coisa boa, mas cada um pode buscar à sua maneira. Fala-se até em “espiritualidades”. É comum hoje no Brasil pessoas que vão, por exemplo, à Igreja Universal às terças para a sessão do descarrego, nas quartas-feiras na reunião de doutrina do espiritismo kardecista, nas quintas-feiras às nossos cultos da vitória, na sexta-feira às encruzilhadas e aos terreiros de macumba, à missa católica aos sábados e para finalizar a semana, nos domingos pela manhã (pasmem!), à nossa Escola Dominical.
As pessoas estão confusas. Está sendo pregado o ecumenismo “cristão” pelo catolicismo. Abrem-se novas Igrejas como se fossem franquias de lanchonetes fast food.  Igrejas ditas cristãs são verdadeiras aberrações. Há poucas quadras de minha casa encontro “igrejas” onde jovens entram no templo como pessoas normais e saem tatuados, com piercings e alargadores de orelhas. Em grandes centros se proliferam comunidades “cristãs” para homossexuais... tudo isso é prova que o pluralismo religioso está tomando conta da sociedade. Além disso, Igreja hoje está sendo atacada diuturnamente pelas seitas, heresias e outras religiões.
Como os novos convertidos vão sobreviver a este contexto?
Os novos decididos estarão livres do pluralismo religioso unicamente através de um trabalho sério de integração e discipulado, onde eles sejam orientados através de um ensino sistemático da Palavra de Deus e debaixo da unção divina.
Eles precisam conhecer a Palavra de Deus, que é a fonte para eles beberem. Meu pastor presidente, Sérgio Melfior, usa a seguinte frase: “Evangelizar é dar um copo com água, discipular é mostrar a fonte”. Quanto o novo crente descobrir a fonte (Palavra de Deus) através do discipulado, o assédio de satanás não o fará se perder, pois ele estará “edificado sobre a rocha” (Lc. 6.48).
III – BENEFÍCIOS DO DISCIPULADO PARA A IGREJA
“A decisão é 5%; o seguimento é 95%” (Billy Graham).
Além da vitória sobre todos os desafios elencados no ponto anterior, existem outros benefícios para a Igreja no Discipular[iv]:
a)   Discipular é uma das maneiras mais estratégicas de se ter um ministério pessoal ilimitado.
Pode ser feito em qualquer tempo e lugar, para qualquer pessoa ou grupo.
b)   Discipular é o mais flexível dos ministérios.
O discipulado é um trabalho com diretrizes, mas de aplicação extremamente flexível.
c)   Discipular é a maneira mais rápida e segura de mobilizar todo o corpo de Cristo para evangelizar.
Discipulado se torna tanto o resultado da evangelização, quanto uma forma de realizar a evangelização.
d)   Discipular tem um potencial de mais longo alcance para produzir frutos do que qualquer outro ministério.
“Jesus dizia, pois, aos judeus que criam nele: Se vós permanecerdes na minha palavra, verdadeiramente sereis meus discípulos” (João 8.31).
e)   Discipular propicia à igreja local excelentes líderes.
Líderes maduros, centralizados em Cristo e orientados pela Palavra.
f)   Discipular é um antídoto contra as heresias.
g)   Discipular acelera o crescimento espiritual de quem discipula e de quem é discipulado.


PARA REFLETIR:
“Todos os gigantes de Deus foram homens fracos que fizeram grandes coisas para Deus, porque se estribaram no fato de Deus estar com eles”. (Hudson Taylor)


[i] Ministro do Evangelho (CIADESCP) e Pastor auxiliar da IEADJO – Sede. Coordenador do Depto. de Evangelismo e Discipulado da AD em Joinville (SC). E-mail: joaryjc@hotmail.com
[ii] BREEN, Mike. KALLESTAD, Walt. Uma Igreja Apaixonante. Rio de Janeiro. CPAD. 2005.
[iii] CHAMPLIN, Russel Normam & BENTES. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. São Paulo: Hagnos, 2002. Volume 6. p. 123.
[iv] MOORE, Wailon B. Multiplicando discípulos – o método neotestamentário para o crescimento da Igreja. Rio de Janeiro: JUERP, 1983. p. 31.

Fonte: http://discipuladojoinville.blogspot.com.br/2013_02_01_archive.html

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Assim dizia Mateus Henry: “Sinto maior gozo em ganhar uma alma para Cristo, do que em ganhar montanhas de ouro e prata, para mim mesmo”.